Ecologia

A grande rota atravessa paisagens de beleza admirável, desde pequenas praias encaixadas em falésias, até praias com extensos areais e sistemas dunares bem conservados, passando por campos agrícolas e pequenas povoações, que a tornam representativa do mosaico paisagístico que caracteriza a região Oeste.
Estão descritos os seguintes habitats prioritários para a zona que integra a grande rota Caminho do Atlântico - Rede Natura do Oeste: dunas fixas com vegetação herbácea (dunas cinzentas), dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea), dunas litorais com Juniperus spp., charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliaris e Erica tetralix, prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi e subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea.

A grande rota Caminho do Atlântico - Rede Natura do Oeste abrange uma ampla faixa costeira, que se caracteriza pela alternância entre sistemas dunares e falésias.
Nas falésias encontram-se numerosos endemismos lusitanos como Limonium dodartii spp. lusitanicum e Limonium multiflorum, para além dos raros tojais e urzais-tojais dominados por Ulex jussiaei spp. congestus. É ainda possível encontrar Armeria pseudoarmeria, Plantago coronopus subsp. Occidentalis, zimbro (Juniperus turbinata) e várias cistáceas.
O sistema dunar é essencialmente formado por dunas brancas (ante-duna e duna primária) e cinzentas (duna secundária), dominadas pelo endemismo lusitano Armeria welwitschii, tojais sobre areias, com ericáceas ou cistáceas, areias com matagais de zimbro e matos dominados por arbustos espinhosos.
Na duna branca as espécies mais facilmente encontradas são, para além da arméria, o estorno (Ammophila arenaria), os cordeirinhos-da-praia (Otanthus maritimus), o cardo-marítimo (Eryngium maritimum), a couve-das-praias (Calystegia soldanella), a morganheira-das-praias (Euphorbia paralias), podendo ainda começar a surgir algumas espécies do espaço interdunar como seja o narciso-das-areias (Pancratium Maritimum).
Na duna cinzenta, mais rica em matéria orgânica, começam a surgir algumas espécies arbustivas, mais exigentes a nível nutritivo, podendo ser observadas a perpétua-das-areias (Helichrysum italicum),

o goivinho-da-praia (Malcolmia littorea), a luzerna-das-praias (Medicago marina), a granza-marítima (Crucianella maritima) e a camarinha (Corema album).
Na zona do convento de Penafirme, bem como junto à Consolação, é possível observar algumas zonas de duna castanha (duna terciária) onde surgem espécies arbustivas e arbóreas como o zimbro (Juniperus turbinata) e os pinheiros manso (Pinus pinea) e bravo (Pinus pinaster).
Em ambos os sistemas é possível observar a intrusão de várias espécies exóticas invasoras, como as acácias ou o chorão (Carpobrotus edulis).

A fauna característica dos habitats que compõem a grande rota Caminho do Atlântico - Rede Natura do Oeste é rica e diversificada, constituída por espécies que, na sua maioria, são relativamente fáceis de observar em zonas específicas.
A foz do Rio Sizandro, assim como a do Rio Grande, são zonas de particular interesse para os amantes da avifauna, pois podem observar-se espécies como: petinhas-ribeirinhas (Anthus spinoletta), guincho- comum (Larus ridibundus), corvo-marinho-de-faces brancas (Phalacrocorax carbo), borrelho-de-
coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), maçarico-galego (Numenius phaeopus) e rola-do-mar (Arenaria interpres), estando ainda descritas para o Rio Sizandro espécies como a lontra (Lutra lutra) e o peixe ciprinídeo Rutilus macrolepidotus.
No Cabo Carvoeiro, em Peniche, junta-se às espécies de avifauna observáveis, o pouco comum
corvo-marinho-de-crista (Phalacrocorax aristotelis) e ligeiramente a sul, junto ao Molho Leste, os pilritos-das-praias (Calidris alba) e ocasionalmente
pilritos-escuros (Calidris maritima), raros em Portugal.
Nas zonas agrícolas é possível observar espécies como o coelho selvagem (Oryctolagus cuniculus), a raposa-vermelha (Vulpes vulpes), a perdiz (Alectoris rufa), o peneireiro-comum (Falco tinnunculus), facilmente identificável pela sua capacidade de planar em busca de alimento, a poupa (Upupa epops), o picanço-real (Lanius meridionalis) e a gralha preta (Corvus corone), cujos gritos denunciam facilmente a sua presença.
Da fauna intertidal salientam-se a anémona (Anemonia sulcata), o ouriço-do-mar (Paracentrotus lividus) e as estrelas-do-mar (Asterias rubens), para além das lapas (Patella sp.), dos mexilhões (Mytilus galloprovincialis) e dos caranguejos (Carcinus maenas). Todas elas poderão ser facilmente observáveis na Praia da Assenta Sul, na Praia da Areia Branca ou na zona rochosa da Praia da Consolação.